CARICATURAS AO VIVO EM FESTAS OU EVENTOS PARTICULARES, PROMOCIONAIS OU CORPORATIVOS

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

QUEREMOS UM SALÃO CARIOCA... MAS DE VERDADE!

De acordo com os resultados apresentados nos salões de humor espalhados pelo Brasil, poucos cariocas sabem fazer desenho de humor.

Que o Rio de Janeiro sempre foi o grande referencial do humor gráfico nacional isso não é novidade para ninguém. A cidade que é privilegiada nos mais variados aspectos, tem dentre as suas peculiaridades o fato de ser um dos pólos que mais promovem cartunistas no Brasil.Mesmo que os salões de humor, através de seus resultados promovam o descrédito em relação ao surgimento de novos cartunistas cariocas.
Desde que o desenho de humor surgiu no Brasil o Rio de Janeiro esteve à frente dos demais estados. Depois que o desenho de humor surgiu na Europa, imigrantes desembarcavam por aqui e promoviam a charge, a caricatura e o cartum. Artistas como o alemão Henrique Fleiuss, que atuava como desenhista científico, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde fundou no ano de1860 a revista Semana Ilustrada, na qual publicava suas charges. Depois vieram artistas como Angelo Agostini e o Rio de Janeiro se identificava cada vez mais com o desenho de humor.
No início do século passado, o Rio de Janeiro entrava no período áureo do cartum, através de Raul, Kalixto e J. Carlos ( todos cartunistas cariocas ). A efervescência cultural aqui era tão forte que, segundo tese de mestrado, a Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo, aconteceu devido a um movimento cultural encabeçado por vários cartunistas cariocas e artistas, acontecido anteriormente aqui no Rio de Janeiro.
Entre os anos de 1950 e 1958 a Cidade Maravilhosa passava por mudanças consideráveis em relação ao desenho de humor. Morriam Raul, Kalixto e J. Carlos ( representantes de uma geração de cartunistas cariocas fenomenais ) e surgia um novo cartunista da gema, que começava a publicar seus cartuns na Revista Manchete, o novato Jaguar. O mesmo que até os dias atuais é considerado um dos ícones do cartum carioca, brasileiro e mundial.
Os jornais e revistas de circulação nacional iam surgindo e com eles os cartunistas que vinham em busca de trabalho e notoriedade.
Veio então a ditadura militar e o exercício ideológico do desenho de humor, que sempre foi o de ridicularizar o poder se tornava quase impossível. O “quase” foi devido à criação daquele que se tornou ícone do cartum no Brasil, o jornal Pasquim.
Por causa dele, cartunistas de vários estados do Brasil, principalmente de Minas Gerais e São Paulo ( acredito que por causa da proximidade ) vinham para o Rio de Janeiro em busca do “Eldorado” do cartum. Hoje, boa parte dos cartunistas que trabalham nos grandes jornais, foram evidenciados pelo velho Pasquim e por outro jornal carioca, o Última Hora ( que também promovia concursos de humor ).
Em 1984 o Brasil mudava de regime governamental e como promover questionamentos através do traço já não era mais problema, os cartunistas encontravam seus espaços nas redações e o velho Pasquim, aos poucos ia deixando de circular. O jornal que era a principal vitrine onde os cartunistas encontravam possibilidades reais de exposição ia aos poucos se transformando em história. De que forma aqueles cartunistas que não conseguiram publicar no Pasquim poderiam ser notados?
Surgia então outra possibilidade real para a exposição dos órfãos do Pasquim e dàqueles cartunistas que vieram depois de seu término... os Salões de Humor. Aqui no Rio de Janeiro, Volta Redonda, Nair de Tefé e Salão de Inverno da U.F.R.J. Evidenciavam artistas “nossos” como: Márcia Z, Lula, Cavalcante, e tantos outros.
Em 1988, o artista plástico Jorge de Sales promovia o 1º Salão carioca de Humor. Era a certeza de que os cartunistas de fora, "mas também os daqui" ainda poderiam ser vistos.
No início da década de 90 o cartunista Mayrynk assumia a curadoria do Salão Carioca de Humor e para mim e tantos outros cariocas, foi o período onde os cartunistas do Rio de Janeiro tiveram mais exposição no salão. Meu primeiro salão carioca foi o de 1993 e depois dele, passei a observar o concurso com mais interesse. Dentre os fatos observados, pude com o passar do tempo os cartunistas cariocas iam sumindo aos poucos do salão e o espaço para os cartunistas de fora ia aumentando consideravelmente.
Observem as listas dos premiados nos anos de 1993, 1994 e 1995:
Salão Carioca de Humor (1993)
Premiados na categoria cartum: Ronaldo (RS), Leonardo (MG) e Spritzer (RS)
Premiados na categoria charge: Elmano (RJ), Ary Moraes (RJ) e Bessot (RJ)
Premiados na categoria caricatura: Afonso Carlos (RJ), Amorim (RJ) e Mattias (RJ)
Premiados na categoria escultura de humor:Rodrigo Accyoli (RJ) e Spencer (RJ)

Salão Carioca de Humor (1994)
Premiados na categoria cartum: Ronaldo (RS), Geraldo (SP) e Spritzer (RS)
Premiados na categoria charge: Leonardo (RJ), Bessot (RJ) e Mário Alberto (RJ)
Premiados na categoria caricatura: Afonso Carlos (RJ), Alvim (RJ) e Gil (RJ)
Premiados na categoria escultura de humor: Luciano, (RJ), Spencer (RJ) e Marina Dante (RJ)

Em 1995 o jornalista Ricky Goodwin assumia a curadoria do Salão Carioca de Humor. Naquele ano a lista com os nomes dos premiados foi a seguinte:
Premiados na categoria charge: Leonardo (RJ), Monteiro (SP), Ary Moraes (RJ), Léo Martins (RJ) e Mattias (RJ)
Premiados na categoria cartum:Cláudio Duarte (RJ), Amorim (RJ), Netto (RJ), Netto (RJ) e Arionauro (RJ)
Premiados na categoria caricatura:Erthal (RJ), Ulisses (RJ), Léo Martins (RJ), Afonso Carlos (RJ) e Gil (RJ)
Premiados na categoria escultura de humor:Mattias (RJ), Luke (RJ), Luciano Monteiro (RJ), Lula Cancio (RJ) e Mattias (RJ)
Depois disso o Salão Carioca de Humor evidenciava um ou outro carioca, mas não como antes. Como acontecera no período do Pasquim, cartunistas mineiros e paulistanos conseguiam evidenciar seus trabalhos como os melhores e os cariocas, segundo os resultados do salão, passavam por uma amnésia coletiva. Eu sempre fui aos concursos e via a qualidade dos trabalhos apresentados. Mas tenho certeza absoluta que os cariocas jamais perderam suas qualidades técnicas e seu humor.
Em 2006 o Salão Carioca de Humor dava sinais de os cartunistas cariocas haviam recobrado a memória e o aprimoramento técnico. Os cartunistas do Rio de Janeiro voltavam a ter espaço no concurso.
No ano de 2008 depois de uma década o salão conseguiu evidenciar um grande número de cartunistas daqui.
Ao ser indagado em seu blog sobre a participação dos artistas no concurso, o curador do evento disse que o Salão Carioca de Humor era voltado para “artistas profissionais”. O salão que anteriormente tinha como proposta a abertura de espaço para que cartunistas fossem evidenciados, agora defendia a manutenção dàqueles que já haviam conquistado seus espaços nos jornais. E para piorar, como a maioria dos cartunistas que trabalham nos jornais cariocas são de outros estados, o espaço ficava mais reduzido ainda.
Ainda no ano passado, aconteceu um evento voltado para cartunistas que publicam em jornais ou revistas, exatamente como a proposta que o Salão Carioca de Humor vinha desenvolvendo há algum tempo.
Por questões políticas internas, parte da equipe que anteriormente articulava na organização do Salão Carioca de Humor na Casa de Cultura Laura Alvim está à frente desse novo evento.
Talvez a chegada desse evento seja providencial para o cartum carioca. Como a dinâmica é semelhante ao que era o Salão Carioca, as possibilidades do Salão Carioca de Humor evidenciar cartunistas que não publiquem e abrir espaço para evidenciar a nova geração de cartunistas cariocas se tornam muito maiores.
Não é necessário criar nenhuma manobra ilícita para privilegiar nossos cartunistas.
A falta de espaço ou a falta de qualidade técnica já não são argumentos inteligentes para que os nossos cartunistas não sejam expostos. Quais seriam as alternativas? Fazer exatamente igual aos demais salões que evidenciam e promovem os artistas locais.
Alguns hipócritas podem denominar "bairrismo". Mas só denominam assim quando são os outros que o fazem. Quando são eles que se utilizam da mesma alternativa, geralmente defendem a atitude usando termos mais atenuantes como: “valorização dos artistas locais”, “fortalecimento do cartum regional” ou “preservação”. E o fazem sem o menor pudor.
A segunda alternativa seria o Salão Carioca de Humor criar um prêmio em cada uma das categorias, onde apenas cartunistas naturais do Rio de Janeiro(residentes no Brasil ou no exterior), assim como cartunistas de outras nacionalidades ou naturalidades (residentes no Rio de Janeiro), concorram entre si. Muitos formadores de opinião, como: editores de artes, editores de jornais e revistas, jornalistas e até mesmo outros cartunistas irão se surpreender com a quantidade e a qualidade de cartunistas cariocas que o Salão Carioca de Humor não faz o menor esforço para evidenciá-los.
Dizer que o mercado está inchado e não comportaria a demanda é uma coisa. Fingir que os cartunistas cariocas não existem é outra coisa completamente diferente.
Antes que digam: _ Isso é choro de perdedor. Aqui está o desenvolvimento que tive junto ao Salão Carioca de Humor desde 1993:
1993 _ VI Salão Carioca de Humor
3º Lugar / Caricatura - “Remediável”
1995 - VIII Salão Carioca de Humor
1º Lugar/ Escultura de Humor - “Indecência Carioca”
Menção Honrosa/ Escultura de Humor - “Gabriel, o pensador”
Menção Honrosa/ Escultura de Humor - “Emílio Santiago - Aquarela Brasileira”Menção Honrosa/ Charge (Digital) - “Deu urubu na cabeça”
2007 - XVIII Salão Carioca de Humor
2º Lugar/ Cartum - “Cachorrada”
2008 - XIX Salão Carioca de Humor
Prêmio Catálogo/ Caricatura - “Jaguar”
Prêmio Catálogo/ Cartum - “Ovo com surpresa”
Se levarmos em conta o tempo em que começei a participar do Salão Carioca e o número de títulos conquistados, chegaremos à média de uma conquista a cada dois anos. Muito bom! Mas somente para mim.
Conheço pelo menos 40 (quarenta) cartunistas da nova geração do cartum carioca que poderiam estar figurando em qualquer pódium de salão de humor. Principalmente no Salão Carioca de Humor, que é a casa deles.

O que o Rio de Janeiro precisa é de um Salão Mais Carioca de Humor e não essa política "café-com-leite" nos salões brasileiros. gente competente o Rio de Janeiro tem de sobra para ficar à margem dos interesses de comissões organizadoras de salões de humor.

6 comentários:

Junior Lopes illustrator disse...

meu velho,confesso de cara q nao li todo o texto,mas so p constar,acho q sendo ou nao carioca,o salao do rio é refem,como todos,de juris,e a opiniao de um juri,varia exponecialmente de opiniao,quando se muda as figuras q integram esse corpo de jurados.Nao é porque os muitos excelente cartunistas cariocas nao faturam premios substanciais,todos os anos,q possa mesurar a qualidade inegável desses profissionais.Eu sou fã total de feras como Cavalcanti,Cruz e Lula,por exemplo, e esses caras nem se abalam por nao estarem todos anos como os melhores do0 salao carioca.resumindo,esse tópico é meio surreal,nao?rs
abço.

Alan Souto Maior disse...

Realmente fico um pouco decepcionado com o Salão Carioca, pelo simples fato de nunca ter sido selecionado, onde entre todos os salões que participo sou selecionado.
Mas isso não me abala, pois sei que a concorrência é grande e qualitativa.

Feliz 2010

Mattias disse...

Junior, só para variar, tuas opiniões são reflexivas pra caramba e, sem sobra de dúvidas, contribuem substancialmente para o meu aprendizado e o aprendizado dàqueles que aqui entram sem qualquer pretensão filosófica ou ideológica. De qualquer forma, quando emitimos a nossa opinião, da forma que eu fiz, que tu fizestes, que o Alan fez, e que é a única forma sensata de promovermos os questionamentos e as possíveis soluções.
Fico orgulhoso da tua participação e tu dabes disso.
Valeu mesmo! Àquele abraço.

Mattias disse...

Pois é Preto... Concordo contigo também. Mas se a concorrência é tão grande, por qual motivo, mesmo sendo a Casa de Cultura Laura Alvim tão grande, por qual motivo, ao invés de colocarem exposições paralelas nababescas, não aumentaram o número de trabalhos diversificados e com qualidade, para que o público pudessem conhecer outros nomes além daqueles que aparecem na maioria dos salões?
Sabemos ( ou pelo menos eu sei ) que - como salientou o Junior Lopes - "...o salao do rio é refem,como todos,de juris...". E essa não é apenas a opinião dele ou minha, mas a opinião de vários artistas. A diferença é que nós não temos problemas em expor o que pensamos.
O Krugger, o J. Leal e o Op De Beck não participam de salões de humor, mas nem por causa disso deixam de ser alguns dos papas da caricatura mundial.
O problema é ouvir dos promotores de salões que : Os salões de humor servem para revelar artistas. Mas quais? Os que já são revelados há pelo menos uma década nos grandes veículos de comunicação?
Aí quando surge uma luz no fim do túnel, ( tenho um e-mail de organizador argumentando essas mudanças )a proposta muda de lugar, mas o desenvolvimento é exatamente o mesmo. E aí, quem não conseguiu pegar o bonde da história, caiu, vai ficar à pé ou terá que ficar esperando uma nova passagem do bonde.
E aí, artistas excepcionais perdem o estímulo e somem, como aconteceu com muitos por aí. principalmente aqui no Rio de Janeiro.
E ninguém tem dúvidas, que, sem estímulo, nada tem a menor graça. Nem Salão de Humor.

Alexandre Bersot disse...

Olá, Mattias
Muito boa essa sua memória dos salões de humor, com ênfase no Salão Carioca.
Deixei de participar do Salão Carioca de Humor quando percebi que estava virando uma ação entre amigos, principalmente quando o Chico Caruso, profissional calejado na nossa imprensa, levou o primeiro prêmio (acho que em 97 ou 98) concorrendo com artistas em início de carreira. Claro que todos podem participar, mas que pegou mal, pegou.
Se for possível, para que sua memória fique ainda mais precisa, gostaria que acertasse a grafia do meu nome de "Bessot" para "Bersot" ou, de forma mais completa, "Alexandre Bersot". É na parte dos salões de 93 e 94.
Grande abraço e parabéns pelo blog, pelos trabalhos, pelas participações e pelas premiações!

Alexandre Bersot disse...

Olá, Mattias
Muito boa essa sua memória dos salões de humor, com ênfase no Salão Carioca.
Deixei de participar do Salão Carioca de Humor quando percebi que estava virando uma ação entre amigos, principalmente quando o Chico Caruso, profissional calejado na nossa imprensa, levou o primeiro prêmio (acho que em 97 ou 98) concorrendo com artistas em início de carreira. Claro que todos podem participar, mas que pegou mal, pegou.
Se for possível, para que sua memória fique ainda mais precisa, gostaria que acertasse a grafia do meu nome de "Bessot" para "Bersot" ou, de forma mais completa, "Alexandre Bersot". É na parte dos salões de 93 e 94.
Grande abraço e parabéns pelo blog, pelos trabalhos, pelas participações e pelas premiações!