Durante os século XVII e XVIII, alguns ingleses desenharam e venderam caricaturas, desenhos nos quais os desenhistas deformavam ou exageravam o cotidiano da burguesia.
Na França, Honoré Daumier, um artista conceituado - e hoje referência no mundo das belas artes - começou a fazer cartuns. Ele trabalhou durante muitos anos fazendo desenhos para jornais e revistas da França. Devido ao seu empenho, ele é considerado por muitos o "pai do cartum moderno".
A história do cartum tem uma data muito importante: 1841. Nesse ano uma revista inglesa chamada Punch começou a publicar cartuns com regularidade. As pessoas gostaram e a idéia seguiu adiante. Os cartuns começaram, então, a aparecer também em jornais, comentando e criticando os acontecimentos com muita rapidez. O cartoon surgiu no século XIX na Europa. Assim como a charge e a caricatura, a proposta surgiu com o intuito de ridicularizar comportamentos . Nos portos da Europa, alguns homens faziam piadas em “partes” sobre pequenos cartões . Daí o nome cartoon.
Aqui no Brasil, na década de 1960, o cartunista Ziraldo deu à proposta uma nova grafia, até hoje conhecida por todos como cartum. O Brasil é um dos maiores promotores de cartum no mundo. Santiago, Ronaldo, Érico, Fred, William, Arionauro, Edu Grosso, Dálcio, Jota A. e outros tantos cartunistas – com certeza mais de 100 ( cem ) nomes - sempre levam o nome do Brasil aos topos dos pódiuns nacionais ou internacionais. Um dia após a abertura do Salão Internacional de Humor de Piracicaba desse ano, na matéria publicada pelo Diário de Piracicaba sobre o evento, o cartunista Gual ( um dos organizadores do salão ) dizia que os cartunistas brasileiros não estavam mais fazendo àquele humor engraçado de antes. Concordo com ele... parcialmente. Na minha opinião, o fato dos cartunistas brasileiros não terem mais tanta graça é devido às propostas apresentadas pelos grandes salões de humor – inclusive o de Piracicaba – que também atribui premiações para cartuns non sense ou com nexo poítico. Que na verdade se enquadrariam muito mais na categoria charge do que propriamente em cartum e que fora do Brasil são mais conhecidos como gags ou political gags. Há algum tempo, os cartunistas mais premiados nos salões espalhados pelo mundo são: europeus, cubanos, árabes, asiáticos ... Oriundos de países que ainda enfrentam o autoritarismo, as repressões, as guerras e outras mazelas. O fato de arrebatarem premiações faz com que os demais concorrentes entendam que os mesmos tenham o domínio da linguagem. Mas é exatamente aí que está o equivoco. Há uma peculiaridade que, infelizmente, muitos cartunistas que julgam os trabalhos, assim como aqueles que concorrem deixam de levar em conta, que chama-se "identidade cultural". Quando estive na Europa em 1998, durante as comemorações do 37th Salão Internacional de Knokke-Heist, na Bélgica, pude observar que mais de 90% dos cartunistas locais ou de outros países que por lá estavam, tinham mais de 40 ( quarenta ) anos e muitos deles eram de países que viveram durante muito tempo sob situações como as citadas acima. O que faz com que eles projetem nos cartuns suas ideologias. Logo, se qualquer desenho tem dentre suas finalidades a promoção de questionamentos sociais e políticos, na verdade são charges ( pelo menos é isso que temos como definição de charge em qualquer lugar) . Aqui no Brasil, cartunistas como Ziraldo, Henfil, Lapi, Jaguar e outros tantos que participavam do PASQUIM desenvolviam desenhos de humor tão politizados quanto àqueles que europeus, asiáticos, cubanos, palestinos fazem atualmente. O que era perfeitamente pertinente devido às suas experiências. Só que hoje, muitos cartunistas que nàquela época eram estudantes universitários, militantes políticos e começavam a formar opiniões, atribuem premiações aos cartuns com contextos políticos ou non sense nos salões atuais. Deveriam levar em conta que, a maioria dos cartunistas que participam hoje dos salões de humor no Brasil tem menos de 40 ( quarenta ) anos e que eram crianças ou pré-adolescentes na última década da ditadura militar. Essa geração ( da qual eu faço parte ) sabe fazer o cartum voltado apenas para o riso, a piada gratuita, a sacanagem ... cartum mesmo! Mas aí vemos cartuns políticos sendo premiados em salões como Carioca e Piracicaba ( como o cartum que ilustra esse post ), que são referências para qualquer cartunista. E aí nos perguntamos: _ Se os outros estão certos e nós estamos errados, vamos tentar fazer como eles. E aí, nessa revisão de conceitos, perdemos nossa identidade. Dessa maneira, penso que seja muito cômodo atribuir aos cartunistas brasileiros a falta de “senso de humor”. Já que são as próprias comissões julgadoras vitalícias ( compostas também por cartunistas ) que julgam os trabalhos nos salões e que promovem essa crise de identidade no cartum nacional.
É isso.
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