É ASSIM...

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Recebi um comentário do amigo Diogo D'Auriol na postagem anterior e gostaria que vocês fizessem uma análise das observações feitas por ele. Quero fazer da minha resposta ao seu comentário, uma promoção à reflexão, por isso resolvi tornar a proposta como postagem.

Como o Diogo, existem tantos outros companheiros, que exercem outras profissões, completamente distintas, mas abraçaram o desenho de humor como ideologia. É claro que existem àqueles que tomam o desenho de humor para si como hobby e uma forma de ganhar uma renda extra, mas sem maiores pretensões ou envolvimentos.
Sempre que converso com o Diogo, ficamos muito tempo trocando informações e o papo é sempre muito agradável pela forma apaixonada como ele fala sobre desenho de humor.

O primeiro aspecto que quero abordar sobre seu último comentário é a intrigante questão de como muitos acadêmicos tratam o desenho de humor, muitas vezes como arte marginal.
Se analisarmos através da ótica inicial, iremos concordar com os acadêmicos, devido ao fato de que todas as vertentes do desenho de humor surgiram em ambientes undergrounds... nos sombrios portos europeus, onde a plebe que frequentava àquele ambiente começava a elaborar cartuns, charges ou caricaturas que colocassem seus senhores em situações engraçadas.
A questão foi ganhando proporção até que chegou ao conhecimento de artistas plásticos, como os irmãos Carracci, aos quais foram atribuidos os créditos de "Criadores da Caricatura". Exatamente como hoje, quando um ilustre desconhecido faz qualquer proposta e pode passar a vida sem ser notado, mas basta que um "figurão" faça a mesma coisa e vira notícia.

Além dos Carracci, vários outros gênios da pintura "sempre" fizeram cartuns, charges ou caricaturas.
Algum Doutor em história da arte poderia negar que Daumier http://www.ftmassana.com/blog/index.php/2008/10/22/honore-daumier/ não era caricaturista? Que Arcimboldo http://www.arcimboldo.art.pl/english/index1.htm ou http://www.casthalia.com.br/a_mansao/artistas/arcimboldo.htm, com àquelas composições de frutas e legumes, onde compunha rostos, não era um caricaturista? Que os afrescos pintados por Michelangelo http://www.pintoresfamosos.com.br/?pg=michelangelo na Capela Sistina não são charges? Que Dali http://www.dali-gallery.com/ não fazia cartuns?
Todos citados acima são estudados e dissecados por estudantes de artes plásticas. Elevados à condiçao de gênios através dos séculos por estas mesmas universidades que conseguem enxergar o desenho de humor como uma proposta muito diferente dàquelas propostas por seus catedráticos.

Hoje, ao contrário dàquela época, onde o cartum era exercido pela plebe, para ser aceito nesse meio é necessário ser alguém. Ser normal ou desafortunado é passaporte para as masmorras do preconceito...

Nos salões onde vamos, geralmente somos abordados com perguntas como:_ Qual teu carro?
Eu não sabia que para ser cartunista seria necessário apresentar carteira de habilitação. Quem disse que as minhas posses irão determinar quem sou ou quero ser? Na hora de comer, quando entrar poderá até ser caviar, mas na hora de sair é "merda" igual a de quem comeu feijão com farinha.

O que preciso para elaborar meus trabalhos?
Um pouco de lucidez, muita loucura, papel, lápis e tinta, além das mãos é claro. Qualquer coisa além disso é vaidade.
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Sobre o lance de Pira, quando o Ray faturou lá, uma das questões que me chamaram a atenção (e já abordei este assunto anteriormente) foi o fato de você ter viajado por 12 horas para prestigiar o evento e aí os organizadores fizeram o "jantarzão pomposo" para um monte de figurões que não desenham "porra nenhuma" e você que é "cartunista", tinha trabalho exposto nàquele ano, investiu tempo, dinheiro, abriu mão de um monte de outras coisas, foi solitário comer um sanduba numa das esquinas de Piracicaba, porque teu nome não estava na lista dos convidados para a festinha.
Cansamos de ir aos salões e passar a noite em rodoviárias porque só tínhamos a grana de ida e volta. Se gastássemos com o sanduba teríamos de voltar com caminhoneiros. Risos

Mas Deus é fiel... Hoje podemos fazer nossas escolhas e a principal delas é determinarmos onde iremos e para quem daremos atenção. Quem quiser compactuar com os sorrisos falsos e tapinhas nas costas, que façam... Mas lá ná puta que os pariu, bem distante de nós.

Àqueles os quais admiramos e acreditamos, jamais haverão pudores em demonstrarmos isto.


Nàquele ano em Pira, se não fosse a gentileza do Dino Alves, Dacosta e Dalcio de nos acompanharem no jantar, estaríamos até agora lá na mesa do canto.
Os caras agiam como se o Ray tivesse cometido um pecado mortal, pelo fato dele ter dito que fez àquele trabalho que foi premiado em 8 minutos... Existe alguma regra para que um determinado trabalho seja executado em mais tempo? Àquele trabalho foi feito como exercício e iria para o lixo. Queriam o quê? Que fosse feito um texto cheio de adornos falsos para impressionar os pseudo-inelectuais?
O que percebo nesse universo é que muitos vivem de aparência, como se todos não tivessem crises existenciais, não levassem chifres, não fumassem maconha, não se prostituissem, não falassem mal do outro... Só tem gente bem sucedida, rica e companheira... mas na tua frente!
Basta uma oportunidade no reservado e a língua de muitos não cabe dentro da boca. E depois eles voltam e agem como se nada tivesse acontecido.

Faço questão que minhas opiniões sejam explícitas. Por isso resolvi criar este blog e busco fazer a manutenção diária dele.
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Resolvemos, depois de 12 anos trabalhando de graça no Projeto Sorrialengo, revertendo toda e qualquer premiação em prol dàqueles os quais assistimos, mudarmos a forma de trabalhar e não dependermos mais de salões de humor. Por isso montamos o Estudio Sorrialengo e nos dedicaremos integralmente à ele.

Dia desses, na ocasião da saida do Ique JB, que há um ciclo para que todas as coisas aconteçam e começo a entender que o meu ciclo junto aos salões de humor esteja encerrando. Entendo a minha participação como vitoriosa, mas àquele encanto e romantismo de antes já não existem mais. Não há critérios claros para julgamentos.
Prefiro participar dos salões de outra maneira e assim será.

Àqueles salões os quais eu ainda participar, serão os que ainda me motivam e resgatam em mim, tudo àquilo que me fez enveredar por este caminho.
Adorei ter participado do Salão Internacional de Piracicaba, participarei do Salão Internacional de Paraguaçu Paulista e do II Salão de Humor de Campinas, caso aconteça. Nos demais, ficarei torçendo para que os trabalhos mais competentes, independente de suas assinaturas, tenham êxito.

Estou satisfeito demais por ver um monte de novos companheiros desenhando muito e escrevendo também.
Ver companheiros como você e outros tantos que promovem questionamentos, além do domínio técnico já é para mim um prêmio de valor incauculável.

Abraço grande Diogão

Abraço a todos