sexta-feira, 7 de maio de 2010
CRISE EXISTENCIAL
Como é controverso esse universo denominado desenho de humor.
Ontem, depois de um bate-papo com o querido Fabiano Carriero (Campinas/ SP) ao final da tarde, fui fazer uma reflexão do nosso papo e resolvi publicar aqui, parte do que pensei, por ter certeza de que se trata de questionamentos que muitos novos cartunistas e antigos ainda se fazem e farão.
Na parte da manhã ele deixou o seguinte comentário na postagem sobre o 2º Salão de Humor de Juiz de Fora:
Em relação à promoção dos artistas locais, penso que seja necessário. Desde que seja criado um prêmio voltado para artistas da cidade, assim como acontece em Volta Redonda.
Por lá, ainda há alguns equívocos nesse quesito, na minha opinião.
Há apenas um vencedor, aclamado dentro das quatro categorias. Quando poderiam atribuir premiações simbólicas em todas as categorias. Já que são linguagens completamente distintas.
Ainda, há o risco de haver duas premiações para artistas locais, como poderia ter acontecido quando o Henrique foi premiado lá no Salão de Volta redonda com uma caricatura do Romário em segundo lugar no geral. Para isso, a solução seria o próprio artista decidir se participa concorrendo somente ao prêmio local ou ao prêmio geral.
Até porque se o cartunista conquista um prêmio no geral, em tese, ele será o melhor local.
Se aqui no Rio de Janeiro houvesse interesse em promover valores locais, esta seria uma das alternativas. E tenho certeza absoluta, que muitos cartunistas cariocas iriam concorrer apenas ao prêmio local.
...
Sobre a afirmação sobre a manutenção dos mesmos nomes, concordo. E colocaria da seguinte forma:
NA MAIORIA DAS LISTAS
Fabrício Rodrigues Garcia
João Carlos Matias do Nascimento
José Antônio Costa
José Raimundo Costa do Nascimento
Manuel Izidro dos Santos Júnior
Moisés de Macedo Coutinho
Silvano R. Gonçalves de Melo
Ou, pela ordem: MANOHEAD, MATTIAS, JOTA A., RAY COSTA, IZIDRO, MOISÉS e MELLO.
EM ALGUMAS LISTAS
Alan Souto Maior Alves
Carlos Eduardo P. dos Santos Cunha
Diogo D’Auriol Almeida
Marcelo Rampazzo
Rodrigo César R. Godinho
Sérgio Ribeiro Lemos
Ou, pela ordem: SOUTO MAIOR, DUARTE, DIOGO D'AURIOL, RAMPAZZO, CESARI e SERI.
RARAMENTE ou NÃO CONSTANTE
Anderson Magalhães – Juiz de Fora – MG
Douglas Zimmermann de Oliveira – Juiz de Fora – MG
Guilherme de Andrade Batista – Duque de Caxias – RJ
João Luiz de Souza Miranda - Juiz de Fora – MG
José Bello da Silva Júnior – Juiz de Fora – MG
Juan Lucas de Morais Figueiredo – Juiz de Fora - MG
Manoel José Pereira – Juiz de Fora – MG
Mário Luiz Tarcitano Guimarães – Juiz de Fora – MG
Rogério Terra Júnior – Juiz de Fora – MG
Vlavianos Pereira Rheim – Juiz de Fora – MG
Dessa última lista, só conheço o trabalho do Tarcitano. Que já participou de comissão e concurso no Salão de Humor de Volta Redonda.
Obs.: Segundo informações de um companheiro cartunista ( sugiro à comissão da Funalfa que verifique a veracidade da informação ), o cartunista José Belo é o mesmo que assina o cartaz do concurso. Caso o mesmo seja premiado, ainda que seu trabalho esteja com qualidade excepcional, quem se sentir preterido, poderá e "terá" o legítimo direito de protestar posteriormente.
Continuando...
No final da conversa com o Carriero, disse para ele o seguinte: _ Caso você deixe de participar de salão, ninguém sentirá a tua falta. Nem a minha, nem a de ninguém.
E penso exatamente assim.
Um sai o outro entra e a vida continua. Em qualquer desenvolvimento humano.
Lembro de nomes consagradíssimos, como os queridos Alvim, Gil, Ulisses, Leonardo, Arionauro, Erthal e tantos outros, que deixaram de participar de salões e quase não ouço mencionarem seus nomes. Nem os cartunistas veteranos.
E os nomes citados acima não eram apenas participantes... Eram considerados os "papa-salões". Como são considerados hoje: Dálcio, Fernandes, Ray e outros.
Muitos de nós, ficávamos na expectativa de encontrá-los nos salões. De vê-los, tocá-los, falar com eles. Conseguir um autógrafo então seria a glória.
Onde eles estão?
Muitos deles ilustrando para editoras, outros fazendo freelas e outros, trabalhando com profissões completamente diferentes.
Tenho certeza que, se muitos deles entrassem em um desses salões espalhados pelo Brasil, seus nomes passariam como ilustres anônimos. Infelizmente!
...
Em qualquer profissão, conhecer a base é requisito mínimo para o desenvolvimento do indivíduo. No desenho de humor voltado para concursos não...
Como relatei na postagem de ontem, já conversei com jurados que não sabiam o que era definição de charge.
E, em muitos concursos, a coisa mais comum é ver charge no lugar de cartum e vice-e-versa.
Depois, muitos dos nossos companheiros de profissão querem cobrar seriedade nas propostas.
...
Figurar em um salão, muitas vezes pode estar vinculado à assinatura. Ao prestígio que àquele artista pode denotar ao evento tendo seu nome entre os concorrentes.
Por isso, não é raro observarmos trabalhos concorrentes que nos chamam mais a atenção "em todos os aspectos" do que àquele premiado.
...
Para finalizar, disse ao Fabiano, que conheci seu trabalho e aprendi a admirá-lo, devido a um trabalho que foi enviado por ele ao FESTMENC. Quando me deparei com o trabalho, imaginei que ele estaria entre os mencionados em caricatura. Quando fiz o somatório das notas dadas pela comissão julgadora, sequer foi mencionado.
O mesmo trabalho foi mostrado ao Jorge Benjor, juntamente com os outros concorrentes e o caricaturado achou um dos trabalhos mais bacanas, entre cinco que o próprio elegeu.
...
Por mais que pareça loucura, hoje, constar nas listas ou ser premiado em alguns salões pode não representar absolutamente nada.
Ao próximo Fabiano.
Abraço
7 comentários:
- manohead disse...
-
A 2 anos participo do salão de Paraguaçu e nunca sequer fui selecionado, nem por isso desisti, e esse ano irei enviar trabalhos melhores para poder entrar. Não ser selecionado, nesse ou naquele salão não é questão de competência. Enviar o trabalho certo, para o salão certo, no momneto certo, tudo isso conta. Sou amigo do Fabiano, tenho ele como um irmão virtual, e respeito demais ele como artista. Não acho que ele deva parar de enviar. Antes de deixar de acreditar nos salões, ele deve acreditar nele mesmo, e não perder a sensibilidade em seus trabalhos. Me chamou a atenção o fato de ler a parte "e o resto é os mesmo de sempre..." não sei se me enquadro nesse quesito, mas se de alguma forma entro nele, acredito que seja por meritos de meus esforços. Sou um caricaturista orfão em meu estado que pouco se destaca no cenário nacional, nunca fui um vencedor e hoje vejo uma esperança com algo que sei fazer e estou sempre tentando melhorar. Estou a cada minuto me dedicando ao que gosto e hj estou colhendo os frutos do que venho plantando a alguns anos. Volto a falar que em 2 anos que enviei trabalhos a paraguaçu, em nenhum deles fui selecionado, mas eles vão novamente receber meus trabalhos, porque se não for para exposição, pelo menos a comissão julgadora vai saber que tem um cara chato de SC que sempre ta correndoa traz em busca do sonho.
- 7 de maio de 2010 às 18:26
- Zé Roberto Graúna disse...
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O Manohead tem razão! Concordo com tudo que ele registrou aqui. E acrescento ainda que qualquer resultado de salão de humor, seja de Pira, Volta Redonda ou de qualquer país, vai ter sempre alguém reclamando (geralmente quem não se classifica). Certa vez, escrevi lá no Brazil Cartoon (num daqueles scrapbooks) que essas reclamações não passam de chororô. Já vi colegas reclamando de um salão num ano e elogiando no outro só pq havia se classificado ou sido premiado. Não tem como agradar a todos. Êta papinho pentelho!
- 8 de maio de 2010 às 19:01
- carriero disse...
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Esta vendo, foi o que eu disse acham que é choro de perdedor, e sempre vão achar ainda mais de quem nem conhecia ou conhecem, mas mesmo assim devemos seguir sem falar porque pelo visto já fixaram as estacas do circo ... e só entra a platéia convidada....
- 9 de maio de 2010 às 12:53
- Mattias disse...
-
Bem...
Eu me considero vencedor. Participo de salões desde 1993 e "na minha" opinião, existem excessões para qualquer regras, desde que queiram que existam.
Sou amigo dos três, mas compartilho da mesma opinião do Carriero.
E faço uma aposta, antes mesmo de ver os trabalhos selecionados para o salão. Nem todos que entraram mereciam e nem todos que ficaram de fora também mereciam.
Não é uma questão de ver depois...
Fui selecionado para o concurso, posso estar correndo o risco de ser penalizado pela comissão organizadora e julgadora, mas que a maioria dos salões funcionam da mesma forma, isso é inegável.
Sou vencedor, mas chorar não é privilégio de quem perde ou ganha, mas de quem ainda consegue se sensibilizar nesse jogo de "muitas cartas marcadas".
Abraço Mano, Carriero e Zé. - 9 de maio de 2010 às 15:28
- Mario Tarcitano disse...
-
Caríssimos,
Envio trabalhos para Salões de Humor desde 1985. Já fui premiado em alguns deles e em outros nem tive meu trabalho selecionado. Fui um dos idealizadores do Salão de Volta Redonda e participo da comissão julgadora daquele salão.
Ao enviar um trabalho para um concurso, não passa pela minha cabeça que haja carta marcada no processo de seleção, pois a experiência que tenho com o salão de Volta Redonda é de um processo extremamente democrático, onde o único critério para premiação é a qualidade e, principalmente, o humor do trabalho premiado. Nem pré-seleção é feita lá. Todos os trabalhos enviados, tenham eles a qualidade que tiverem, passam pelo crivo da comissão julgadora.
Embora viva hoje em Juiz de Fora, não sei qual é o processo de escolha dos trabalhos, mas não creio que haja carta marcada, mesmo porque, eu fiquei com o segundo prêmio no ano passado e não fiz nenhum lobby e muito menos molhei a mão de alguém. Achei até que meu trabalho poderia ter ficado com o primeiro prêmio. Mas isso sempre vai depender de fatores subjetivos: o humor dos jurados no dia; o estilo do traço que mais lhes agrada; o tema escolhido para a charge ou cartum pode estar mais em evidência no período da premiação; se eles entenderam a piada... tudo isso deve-se levar em consideração. Nesta sexta-feira, dia 14, é a abertura do Salão de Juiz de Fora e estarei lá para participar do evento. Não conheço os trabalhos que ficaram de fora da exposição, mas se tiver pendurado na parede alguma coisa muito estranha eu me comprometo em dar o retorno a vocês.
Grande abraço, - 11 de maio de 2010 às 18:02
- Mario Tarcitano disse...
-
Caríssimos,
Envio trabalhos para Salões de Humor desde 1985. Já fui premiado em alguns deles e em outros nem tive meu trabalho selecionado. Fui um dos idealizadores do Salão de Volta Redonda e participo da comissão julgadora daquele salão.
Ao enviar um trabalho para um concurso, não passa pela minha cabeça que haja carta marcada no processo de seleção, pois a experiência que tenho com o salão de Volta Redonda é de um processo extremamente democrático, onde o único critério para premiação é a qualidade e, principalmente, o humor do trabalho premiado. Nem pré-seleção é feita lá. Todos os trabalhos enviados, tenham eles a qualidade que tiverem, passam pelo crivo da comissão julgadora.
Embora viva hoje em Juiz de Fora, não sei qual é o processo de escolha dos trabalhos, mas não creio que haja carta marcada, mesmo porque, eu fiquei com o segundo prêmio no ano passado e não fiz nenhum lobby e muito menos molhei a mão de alguém. Achei até que meu trabalho poderia ter ficado com o primeiro prêmio. Mas isso sempre vai depender de fatores subjetivos: o humor dos jurados no dia; o estilo do traço que mais lhes agrada; o tema escolhido para a charge ou cartum pode estar mais em evidência no período da premiação; se eles entenderam a piada... tudo isso deve-se levar em consideração. Nesta sexta-feira, dia 14, é a abertura do Salão de Juiz de Fora e estarei lá para participar do evento. Não conheço os trabalhos que ficaram de fora da exposição, mas se tiver pendurado na parede alguma coisa muito estranha eu me comprometo em dar o retorno a vocês.
Grande abraço, - 11 de maio de 2010 às 18:06
- Mattias disse...
-
Salve Tarcitano!
Bacana receber a tua visita e mais, receber teu comentário.
Como você, muitos outros companheiros passam pelo blog, mas preferem não compartilhar o que pensam para não promover nenhum questionamento. Eu penso o contrário... Se há questionamentos, há com eles a promoção de conhecimentos.
Acredito em tudo o que escrevestes, mas também acredito em tudo o que ouço por parte de outros participantes e membros de comissões julgadoras diversas.
Sobre a questão de tendenciosidade,acredito que haja sim.
Pode não partir de você... mas que isso acontece é um fato.
Não é necessário fazer lobby ou molhar a mão de muita gente.
Sejamos honestos...
Se um cara conceituado manda trabalho para determinado salão, de quem será a maior chance de entrar? O trabalho medíocre de um artista conceituado ( o que pode acontecer e acontece muitas vezes) ou o melhor trabalho de um artista desconhecido premiado em um concurso?
Pode não ser a tua visão ou a minha visão. Mas na prática é muito diferente.
...
Hoje, os salões de humor vão além da concorrência entre os participantes.
No mesmo salão que você citou, certa ocasião perguntei para "dois" jurados a definição de charge e ambos não souberam.
Quer queira, quer não, são duas opiniões que podem interferir na escolha de um trabalho.
Inclusive, um dos jurados criticou o trabalho do Ronaldo Cunha Dias, que era uma prateleira com os bichinhos de pelúcia e os brinquedos chorando e na janela, a rede de proteção com o corte. Uma charge sensacional sobre o caso Nardoni. Foi quando eu pedi a definição e ele disse:_ Não sei!
Assim, caro Tarcitano, nem sempre o lobby determina o artista. Mas provavelmente, houve o lobby para a convocação daqueles jurados, que estavam ali sem nem saber o por quê.
Agradeço a tua participação no blog e fica à disposição para sempre que quiseres emitir as tuas opiniões. Farei um texto sobre como vejo a função dos Salões de Humor hoje em dia. - 12 de maio de 2010 às 18:41
"cada dia que passa me decepciono mais,já são poucas as vagas e quase a metade dos classificados são da Própria cidade... e o resto é os mesmo de sempre... mas fazer o que.. continuar rabiscando pra ver se aprendo"
abç Carriero
6 de maio de 2010 11:19